quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Para a Madri de Almodóvar



Parto amanhã para Madri e, em meio a tantos pensamentos, lembrei-me da querida Lu Crippa que me contou uma vez que se sentiu em um filme do Almodóvar quando chegou na cidade. Estou ansiosa por vários motivos e esse é mais um deles. Deixar o espírito "Anti" inglês e deixar me contaminar pelo sangue espanhol, tão familiar para mim, será uma bênção.

A loucura espanhola é, acima de tudo, divertida. Principalmente, depois que o calor das emoções já se foi. E em loucura, Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos, do Almodóvar, é simplesmente fundamental. Será que eu vou tomar Gaszpacho com esse frio? Sem tranquilizante, claro.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O espírito inglês



Vivendo em Londres, percebo que o espírito inglês é do contra. Hoje, ouvindo a BBC radio 6, minha preferida, com uma seleção de músicas maravilhosas, os locutores estavam comentando sobre o Dia dos Namorados, que será comemorado aqui no próximo domingo, dia 14 de fevereiro. E aí que a Lauren Laverne, do horário da manhã, resolveu fazer o programa dela com anti-love songs.

Tudo bem. Pode ser que esse não seja o melhor Dia dos Namorados para ela, mas ser anti alguma coisa é bem normal aqui. Ninguém fica comentando ou perguntando o porquê do programa ser anti-love songs. Somente é e ponto.

No espírito do contra, outro dado interessante: o que as mulheres geralmente fazem quando a meia-calça desfia? Joga fora, claro. Aqui, não. As modernas usam meia desfiada, rasgada (e até fazem isso de propósito) e, de preferência, com um sapatinho meio gasto (nada novo, pelo amor de Deus!), compondo um visual bem "não me arrumei". Anti-moda.

E, para finalizar, na editoria de assuntos domésticos, os produtos de limpeza aqui não precisam ser, necessariamente, cheirosos. "Anti-maquiagem". Quem disse que precisa ter cheiro? Só precisa limpar.

Não foi à toa que o movimento punk surgiu aqui.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Rosas ao mar



Viver em Londres está fazendo com que eu me sinta mais brasileira do que nunca. Olhando de longe, vejo coisas que de perto não conseguia enxergar. E, além de toda a herança cultural, carrego no meu nome uma das maiores provas da minha brasilidade.

Janaína é um dos nomes de Iemanjá, que hoje, 2 de fevereiro, recebeu milhares de homenagens na praia do Rio Vermelho, em Salvador. Já que não estou lá, envio a minha rosa virtual para a santa a quem devo o nome e que, com toda certeza, me protege.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A vida é contingência

Depois de sacar que, fazendo mestrado aqui, as perguntas são mais importantes que as respostas, hoje me caíram mais duas fichas: a parcialidade e a auto-reflexão (self-reflexivity).

Esses são mais dois daqueles conceitos que até então, para mim, estavam banidos do repertório do pesquisador, que deveria sempre ser imparcial e transparente, ou seja, não "aparecer" e não deixar sua subjetividade fazer parte do seu trabalho. Era assim que eu entendia a pesquisa. E foi assim que ela me foi ensinada.

Pois bem. Aqui, a parcialidade e a auto-reflexão (no sentido de o pesquisador refletir-se no trabalho) não são apenas muito bem-vindas, mas essenciais para um bom trabalho acadêmico.

E hoje, Jeremy Till, professor da faculdade de arquitetura, além de reforçar esses dois pontos na palestra que deu para a nossa turma, trouxe a idéia da contingência na pesquisa. Saí da aula achando que mais do contingência na pesquisa, a vida é contingência. Contingência para aprender e reaprender e para dar conta de tudo que vai surgindo no caminho.