domingo, 27 de junho de 2010

A sangria inglesa



Depois do chá, a bebiba mais inglesa do mundo é o Pim's. Vendida em garrafas, em supermercados, é uma mistura de ervas, que resulta numa bebiba alcoólica meio docinha, mas sem graça se tomada sozinha. O lance é preparar o Pim's, como fazem os ingleses, para refrescar os dias de verão.

Para cada parte de Pim's, coloque três partes de limonada (tipo Sprite), mais rodelas de limão, lima, laranja, folhas de hortelã e uns pedaços de pepino (sim, os ingleses amam pepino). Há quem acrescente morango também. Misture tudo, coloque cubos de gelo e sirva.

Delícia. Tomei sábado, em pleno Covent Garden, com Viviane e sua amiga Priscila, que está passeando por estas bandas. Nada como ter estações do ano ultra definidas e nada como poder viver cada uma delas com tudo que se tem direito.

Tubarões e jellyfishes



Foi meio frustrante o passeio ao aquário de Londres, no sábado. Apesar dos tubarões e das algas serem, na minha opinião, as atrações mais legais do lugar, fiquei com a sensação de que os londrinos mereciam um aquário mais bacana.

As janelas para ver os animais não eram tudo isso e o ambiente é um pouco claustrofóbico. Ian também não se encantou. Enfim, preferimos ver o aquário do Kew Gardens, o jardim botânico inglês. Fora que o lugar estava mega lotado de turistas num sábadão de verão, com a temperatura beirando os 30 graus.

Gosto mesmo é do prédio, à beira do Tâmisa, que está aí na foto.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Go Brazil!



Estamos aqui em Londres, acompanhando os jogos do Brasil na Copa, assistindo todas as partidas com emoção. Sexta-feira, contra Portugal, fomos no Old Dairy, um pub super legal, que aceita crianças (sim, muitos deles não permitem a entrada delas) e que foi uma leiteira lá por 1800 e pouco.

Adoro a fachada preservada, com os desenhos dos animais, e o texto da leiteria. Além do charme de ter sido uma leiteria, o Old Dairy tem uma comida ótima, preço bom e é perto de casa, ou seja, meu pub preferido até agora. Torcemos, comemoramos, e foi uma delícia!

Apesar do zero a zero, valeu a nossa torcida.

A beleza do processo



A história de um país não está, na minha opinião, nas páginas dos livros de história somente. Mas principalmente nas suas ações atuais que nos informam sobre o passado e se conectam com o dia-a-dia das pessoas.

E a maior prova disso tive na segunda-feira, quando fui conferir a Summer Exhibition na Royal Academy of Arts. Muito, muito interessante observar que há 242 anos eles fazem o evento, que tem, na minha opinião, como maior riqueza o fato de qualquer pessoa poder, potencialmente, expor, democratizando muito o acesso ao mundo "institucional" das artes para os artistas.

Além disso, a exposição também tem um comitê curatorial, elegido anualmente, que define o tema da exposição e coordena a seleção dos trabalhos. Isso também é fantástico, uma vez que não existe "O" nome e sobrenome que detem o poder da história toda.

O resultado final tem várias facetas: salas enormes, com muitas obras -- 1267 no total, o que dá uma impressão de "excesso". Tem obras também que meu gosto pessoal questiona, mas o bonito disso tudo mesmo é o processo e, principalmente, o público que enche as salas e realmente compra peças (muitas, muitas mesmo vendidas).





Ou seja: o que dizer de um país que há 242 anos mantém um processo como esse? Ah, importante: fora a Royal Academy of Arts, centenas de instituições menores, coletivos e outras associções culturais fazem constantemente o sistema de "call for artists" para que eles exponham seus trabalhos.

E o que dizer de um país como o Brasil que ainda está engatilhando nesse processo?

A sensibilidade da Beatriz



Fiquei emocionada ao ver, no domingo passado, a exposição da Beatriz Rinaldi, minha amiga da Westminster, que fez um dos módulos comigo, embora não tenha cursado Visual Culture. Ela estudou Media and Art Practice e é uma artista de mão cheia.

Chamada Inside Memory, a exposição foi numa capela dentro do Kensal Green Cemetery (na foto acima, com a Bia), o cemitério mais antigo de Londres. Mesmo sem ter visto o material, quando ela me disse que a exposição seria no cemitério achei fantástico! Nossa, quanta informação do local adicionada ao conteúdo da exposição!

E, chegando lá, no domingo, fiquei super tocada pela sensibilidade da trabalho. Thiago, meu amigo carioca, e Sayuri, nossa amiga de Tóquio, tiveram a mesma sensação.

Bia partiu da história da avó paterna, que teve doença de Alzheimer, para montar o projeto. Coletou fotos, objetos, histórias, vídeos. É a história da avó, mas que fala de memória, ou da perda dela, de uma forma mais ampla.

Foi bonito ver também o pai e a mãe dela, vindos do Brasil especialmente para conferir a exposição. E mais tocante ainda assistir o pai dela, prestigiando o trabalho da filha, que tinha a mãe dele como personagem principal. Ufa! Quanta emoção!

Ah, e o Ian também curtiu. Mas o que ele mais gostou foi entrar no cemitério e falar de histórias creepy de mortos, catacumbas etc...coisa de menino...

Veja algumas fotos da exposição:





Fiquei particularmente tocada com esse livro de receitas de crochê (ou tricô, não sei) da avó dela, com uma letrinha toda caprichada e pedacinhos do tecido, como amostra. Inevitável lembrar da minha avó, que também tinha seus macetes de tricô.

Sextas-feiras



Sextas-feiras têm um sabor especial para mim, como já disse em outro post. Não só pelos finais de tarde, em que encontro minhas amigas e suas crianças, mas também pelas manhãs. Sexta-feira é o dia da semana em que não vou para a faculdade e, portanto, levo o Ian para a escola e volto para casa.

E o melhor disso é fazer o trajeto de ida e volta a pé e caminhar pelo meu bairro, Crouch End, que é uma pérola dentro de Londres. Já falei sobre os parques, sobre a reserva natural, mas as ruas, em si, também são cheias de charme, de casinhas inglesas, que eu não me canso de namorar...quem sabe, um dia não moro numa delas...

Outro dia fui no prédio de uma amiga e tirei essa foto, acima, de uma vista privilegiada que ela tem do bairro. Não é demais? Estou em Londres, mas parece uma cidade do interior...

E tem também o Priory Park, que eu também já falei aqui, que está agora com campos de rosas maravilhosas, como estas:



E tem também as mães e suas crianças, as senhoras, todo mundo convivendo num ritmo mais lento, muito gostoso...Enfim, desculpe se este post é um pouco repetitivo. É só mais um gesto de carinho ao meu bairro, que eu tanto gosto.

sábado, 12 de junho de 2010

Adoro esse slogan!



O aviso para manter-se calmo e seguir com a vida normalmente, que deu origem a este pôster acima, foi criado durante a II guerra mundial. Naquela época, os pôsteres eram espalhados pela cidade, com a idéia de acalmar as pessoas.

Hoje, a frase, estampada no tradicional fundo vermelho, com a coroa, virou ícone pop e está espalhada por vários lugares: canecas, bolsas, camisetas, chaveiros. Embora hoje não estejamos em guerra declarada, faz sentido continuar com o apelo, afinal calma e canja de galinha não fazem mal a ninguém.

Fã de vermelho que sou, e meio estressadinha também, aderi aos gadgets com o slogan e já comprei um pôster para colocar em casa, além de uma charmosíssima garrafinha de água para me resfrescar nesse verão, e claro, me manter pianinha!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

A Stylist também é cultura

Bem que eu estava sacando que o tema feminismo estava voando baixo aqui em Londres. Comecei a me interessar mais pelo assunto sem ver, na verdade, nada sendo publicado na "mídia", por assim dizer e querendo me referir a grandes jornais, revistas e TV.

E não é que hoje a Stylist deu uma capa sobre o tema? A Stylist é aquela revista que eu já falei aqui, que recebo de graça, toda quarta-feira, na porta do metrô. Não é nada de muuuiita consistência, mas traz reportagens bacanas, de até três páginas, como foi essa de hoje. Mas vamos e venhamos que feminismo na capa da revista do metrô é, no mínimo, curioso.

E a matéria é simples e clara. Se você defende os direitos das mulheres, em resumo, remuneração igual a dos homens, direitos humanos como qualquer cidadão, não concorda com os exageros da exploração e da erotização do corpo feminino na mídia (olha ela, de novo), entre outras coisas do dia-a-dia, pronto. Você é feminista. E não há porque se envergonhar e nem exagerar na dose.

É claro que a discussão em si é mais profunda, mas saquei que a matéria quis dismitificar o termo, o que achei muito instrutivo, e colocá-lo na pauta do dia das conversas no escritório, já que a mulherada lê a tal revista indo para o trabalho.

Segundo quatro especialistas ouvidas pela matéria, 2010 é um ano interessante para a discussão, já que estão sendo lançados três livros sobre o tema. Vou acompanhar.

Insônia em Berlim



Berlim foi um capítulo à parte em tudo o que tenho visto recentemente. A ponto de perder o sono em uma das noites. Acho que fiquei com tanta coisa na cabeça, que não conseguia dormir.

Por mais que eu já soubesse sobre o muro e a guerra, ver essas coisas de perto, andar nos lugares, ver os prédios e, principalmente, entender como as coisas vêm se desdobrando depois desses acontecimentos foi muito, muito interessante. Algumas coisas que mais me chamaram a atenção:

1) Arquitetura: a primeira sensação, chegando na cidade, foi de muitos pontos de interrogação. Tantos prédios novos, aqueles todos forrados de vidro, e eu esperava encontrar uma cidade européia com construções antigas. Sim, mas é que Berlin foi praticamente toda destruída. E destruída significa devastada mesmo. Isso sem falar na mudança total na geografia da cidade depois da queda do muro. Então, o esforço de reconstrução ainda está em andamento. Muitos, muitos canteiros de obras misturam prédios de todos estilos possíveis e não há uma linha que esteja sendo seguida. Basicamente, quem tem dinheiro constrói o que quer. Então, prédios mais futurísticos estão ao lado dos sobraram, como na foto abaixo, seguidos de outras coisas sem muito estilo definido (e gosto duvidoso). Com isso, Berlim é um mosaico arquitetônico, literalmente.



2) Assim como Londres, Berlim está se tornando uma cidade internacional. Hoje, 14% da população é formada de imigrantes (turcos são a grande maioria e a cidade abriga a maior comunidade fora da Turquia). Aqui, esse número está na casa dos 30 e pouco por cento. Mas, apesar disso, não é todo mundo que fala inglês (a tal língua franca no mundo) lá e os alemães parecem bem inclinados a não flexibilizar na comunicação, mantendo seu idioma a todo custo. Foi a minha impressão.

3) Os londrinos estão migrando para Berlim, mais barata e tranquila do que a capital inglesa. Nossos dois guias eram de Londres. E trocaram de cidade exatamente pelas questões de custo e tranquilidade.

4) Grafite e street art estão por toda a parte. Adorei. Vimos muitas, muitas obras interessantes, como esse mural gigante, abaixo, e o acima, na legendária galeria Tacheles. Talvez Berlim seja mesmo a capital de street art do mundo. Um dos tours, o Alternative Berlin, nos levou para todos os points, com explicações, tudo contextualizado. Foram seis horas de caminhada e os melhores 12 euros já investidos!



5) Topografia do terror: apesar do nome aterrorizante mesmo, esse para mim foi o melhor museu histórico a abordar a questão do nazismo. Construído sobre o que era a sede da Gestapo, é completíssimo, muito bem organizado e impecável no projeto. Não tem nada vivo, nada verde. Só pedra, como no "jardim" da foto, formas secas, paredes brancas, chão cinza, encarnando o espírito de um funeral, mas sem ser explícito. Vale muito a pena ir.



6) O muro: fez 20 anos no ano passado que ele veio abaixo. Pouquíssimo tempo. Os painéis no Check Point Charlie são muito bons e contam toda a história, com fotos, inclusive. Uma aula de história a céu aberto.

7) E vários, vários outros detalhes e imagens que não vou esquecer, tipo a frase: you are entering the non-profit sector (você está entrando num setor sem fins lucrativos), que estampa uma das divisas dos antigos leste e oeste. Da época, que existia no mundo uma sociedade sem fins lucrativos. E isso foi só há 20 anos.

Anne e seu pai Otto



Uma das coisas que eu achei mais interessante em Amsterdam foi a visita à casa de Anne Frank, a menina judia (na foto) que se escondeu com a família, durante dois anos, no anexo de uma casa, para fugir da perseguição nazista durante a II guerra mundial.

A história toda é contada no livro "O Diário de Anne Frank", mas estar na casa, visitar cada cômodo e, principalmente, passar pela estante de livros falsa, que dava passagem para o anexo, onde a família morou, foi uma experiência no mínimo forte.

Não sei se era o ar condicionado, mas entrando nos aposentos da família, senti uma sensação física de gelado, o ambiente estava totalmente frio, muito diferente do resto da casa. Além disso, tudo parecia tão recente (e foi!) e pessoal, embora não existissem mais os móveis.

É claro que Anne era uma menina muito especial, que escreveu um diário muito lúcido e comovente. Mas seu pai, Otto, foi a figura que mais me marcou na visita. Assim como a família, ele foi enviado ao campo de concentração, depois que alguém "denunciou" a família e eles foram encontrados. Mas Otto sobreviveu. E depois de tudo o que passou, ainda teve energia para regastar o diário da filha, articular a sua publicação e ainda transformar a casa em museu.

No último vídeo da exposição, ele fala sobre o livro e o museu, como espaço que tem por objetivo lembrar sempre sobre os efeitos do preconceito e da discriminação. E ele ainda conta o quanto que o diário mostra uma menina tão diferente da que ele conhecia, tão madura e com idéias tão profundas, terminando com a seguinte frase: "os pais não conhecem seus filhos".

Otto e Anne só podiam ser pai e filha. Sem dúvidas, almas muito especias.

As bicicletas de Amsterdam



Adorei ver aquele monte de bicicletas em Amsterdam. E quando falo "monte", é muita coisa mesmo! Saindo da estação de trem, quando chegamos, foi a primeira imagem que vimos: muitas, muitas bicicletas estacionadas.

Logo de cara, pedindo orientações sobre como chegar ao hostel, já nos recomendaram: "definitivamente, vocês precisam alugar uma bicicleta para conhecer a cidade". Pois bem. Depois do primeiro dia a pé, lá fomos nós para o dia da bicicleta, felizes da vida, porque tanto Ian quanto eu adoramos bike.

Mas a nossa experiência durou umas duas horas apenas. Depois de um passeio bem tranquilo no Vondelpark, curtindo a paisagem, seguindo bonitinho pela ciclovia, nos aventuramos pela cidade. E foi engraçado.

Assim que saímos do parque, pegamos a primeira ciclovia, mega congestionada de bikes, motos pequenas (sim, elas andam na ciclovia, uma loucura) e, basicamente, um povo que se transforma ao subir numa bicicleta, tipo aquele desenho do Pateta, que surta ao volante do carro.

Fora que a ciclovia de repente acaba e você está no meio da rua, que, além de todas as outras bikes e motos, tem carros, caminhões e trams (tipo um bonde)! Tudo isso naquelas ruas estreitas, às margens dos canais. Insano. Se estivesse sozinha, até encararia, mas como sou uma mãe responsável, desistimos em favor da saúde da família.

Ao final do dia ainda aproveitamos para ver uma exposição sobre a cultura de bicicletas na cidade e batata: tinha várias fotos de gente machucada, mostrando o quanto esse hábito é perigoso na capital holandesa.

sábado, 5 de junho de 2010

Companheiro de viagem



Mais uma semaninha de férias no sistema "picadinho" de ensino britânico e lá fomos nós para mais uma semana de passeios (antes de eu começar detonar a minha dissertação -- é bom reforçar!).

Planejadas meio de última hora, as férias, com as quais eu nem estava tão empolgada assim, valeram demais a pena. Fomos primeiro para Amsterdam, onde passamos dois dias, e depois pegamos um trem para Berlim, onde curtimos mais três dias de muito, muito sol mesmo. Depois do inverno londrino ultra rigoroso, estamos até estranhando tanto sol. E olha que a temperatura está na casa dos 25, embora pareça 35!

Os destaques da viagem foram vários e eu citaria, principalmente: a cultura de bicicletas e a casa de Anne Frank, em Amsterdam, e, em Berlim, a imensa cultura de street art e o banho de história recente, que me fez pensar muito!

Nos dois lugares, no entanto, o destaque maior foi para o Ian, um companheiro de viagem excelente, que caminhou cerca de cinco horas por dia, interessou-se por tudo, aprendeu um monte, acompanhou todos os tours em inglês (e ainda fez perguntas) e me deixou uma mãe muito orgulhosa ;-)

Nos próximos posts, conto um pouco dos destaques.