terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O cotidiano



Aqui em Londres, escolhi, deliberadamente, prestar atenção ao cotidiano sem saber muito bem o porquê. Entre leituras e pesquisas desse meu primeiro trimestre de estudos, encontrei vários dados interessantes que me fazem celebrar ainda mais o olhar para o dia-a-dia como uma tarefa radical:

1) Pierre Janet, neurologista e psicólogo francês, tinha como um dos procedimentos para ao tratamento de pacientes obsessivos a reconexão com as tarefas simples do dia-a-dia.

2) O movimento artístico Situacionista, também francês, da década de 60, propunha a transformação político-social por meio das atividades do dia-a-dia.

3) Michel de Certeau, filósofo e cientista social francês, escreveu A Invenção do Cotidiano, em que ele defende como as pessoas comuns criam, no dia-a-dia, suas táticas de convivência com o poder, as leis e os regulamentos. Uma visão de como o ser humano comum pode encontrar sentido nas coisas, apesar das "forças dominantes".

4) Sophie Calle, artista francesa, que recentemente expôs "Cuide de você" no Sesc Consolação, em São Paulo, faz do cotidiano o foco do seu trabalho e, com isso, levanta questões sobre a condição humana.

Coicidentemente, eles são todos franceses. Não tenho nenhuma opinião a esse respeito, mas estou certa de que o cotidiano está longe de ser banal, como atividade supérfula, como está escrito na descrição desse blog. Ele está cheio de sentidos. Basta procurar por eles.

Um comentário:

  1. O cotidiano é muito rico mesmo. As pequenas coisas, as miudesas da vida estão nele. Pode parecer que as grandes questões surgem de momentos "especiais", "gradiosos" em nossas vidas. Mas tenho, cá comigo, que é no cotidiano que tudo muda, de pouquinho em pouquinho, quase sileciosamente.

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