quarta-feira, 12 de maio de 2010

A rainha decidiu


Tenho acompanhado as eleições gerais aqui no Reino Unido, que resultou na escolha do primeiro ministro e, consequentemente, de toda a equipe que trabalhará com ele. Várias coisas, grosso modo, têm me chamado a atenção:

1) Todas as discussões foram feitas com propostas claras de cada um dos partidos para os assuntos mais importantes do país. No site da BBC, por exemplo, você seleciona o assunto, como educação, e vê o que os três principais partidos: conservatives, labour and liberal democrats propõem. Coisa linda. Vale checar: www.bbc.co.uk/elections

Com isso, não existem "dossiês" obscuros que aparecem do nada, nem conversas fiadas sobre outras esferas.

2) No dia da eleição, não houve absolutamente nenhum movimento de papéis, cartazes ou outro tipo de poluição visual ou sonora. Para falar a verdade, só vi uma espécie de trio elétrico, que era um ônibus reformado, com um político falando umas asneiras, na região de Brick Lane, umas três semanas antes do dia da eleição, que foi 6 de maio.

3) Depois do resultado das eleições, no dia 7, em que o partido conservador ganhou a maior parte de assentos no Parlamento, eles começaram a negociar as alianças e estavam num dilema sobre quem seria o deputy, uma espécie de vice, do primeiro-ministro. As negociações estavam empacadas e, ontem, David Cameron, líder do partido conservador, que ganhou o maior número de votos, anunciou:

"A rainha me chamou e me pediu que eu formasse um novo governo." Ela pediu que ele fizesse a aliança com os liberais democráticos, que obtiveram o menor número número de votos, considerando os três partidos principais. Os democráticos são light, exatamente o oposto dos conservadores, super duros na queda em todos os assuntos.

Ou seja: a cara do Nick Clegg, líder dos liberais democratas, que já era amarela, agora ficou branca. David Cameron, o atual primeiro-ministro, de 43 anos, é o cara mais novo em 200 anos a se tornar primeiro-ministro. Cheio de arrogância. E a confusão está armada.

Gordon Brown, atual primeiro-ministro, candidato do labour, que também estava no páreo, humildimente "resignou" (a palavra que a imprensa usou) e se despediu, ao lado da mulher e dos dois filhos pequenos.

E eu entendi, finalmente, para que serve, entre outras coisas, a rainha.

p.s: a foto acima é o perfil da Rainha Victoria, feito de azulejos, que decora a estação de trem que leva o nome dela.

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