quarta-feira, 9 de junho de 2010

Insônia em Berlim



Berlim foi um capítulo à parte em tudo o que tenho visto recentemente. A ponto de perder o sono em uma das noites. Acho que fiquei com tanta coisa na cabeça, que não conseguia dormir.

Por mais que eu já soubesse sobre o muro e a guerra, ver essas coisas de perto, andar nos lugares, ver os prédios e, principalmente, entender como as coisas vêm se desdobrando depois desses acontecimentos foi muito, muito interessante. Algumas coisas que mais me chamaram a atenção:

1) Arquitetura: a primeira sensação, chegando na cidade, foi de muitos pontos de interrogação. Tantos prédios novos, aqueles todos forrados de vidro, e eu esperava encontrar uma cidade européia com construções antigas. Sim, mas é que Berlin foi praticamente toda destruída. E destruída significa devastada mesmo. Isso sem falar na mudança total na geografia da cidade depois da queda do muro. Então, o esforço de reconstrução ainda está em andamento. Muitos, muitos canteiros de obras misturam prédios de todos estilos possíveis e não há uma linha que esteja sendo seguida. Basicamente, quem tem dinheiro constrói o que quer. Então, prédios mais futurísticos estão ao lado dos sobraram, como na foto abaixo, seguidos de outras coisas sem muito estilo definido (e gosto duvidoso). Com isso, Berlim é um mosaico arquitetônico, literalmente.



2) Assim como Londres, Berlim está se tornando uma cidade internacional. Hoje, 14% da população é formada de imigrantes (turcos são a grande maioria e a cidade abriga a maior comunidade fora da Turquia). Aqui, esse número está na casa dos 30 e pouco por cento. Mas, apesar disso, não é todo mundo que fala inglês (a tal língua franca no mundo) lá e os alemães parecem bem inclinados a não flexibilizar na comunicação, mantendo seu idioma a todo custo. Foi a minha impressão.

3) Os londrinos estão migrando para Berlim, mais barata e tranquila do que a capital inglesa. Nossos dois guias eram de Londres. E trocaram de cidade exatamente pelas questões de custo e tranquilidade.

4) Grafite e street art estão por toda a parte. Adorei. Vimos muitas, muitas obras interessantes, como esse mural gigante, abaixo, e o acima, na legendária galeria Tacheles. Talvez Berlim seja mesmo a capital de street art do mundo. Um dos tours, o Alternative Berlin, nos levou para todos os points, com explicações, tudo contextualizado. Foram seis horas de caminhada e os melhores 12 euros já investidos!



5) Topografia do terror: apesar do nome aterrorizante mesmo, esse para mim foi o melhor museu histórico a abordar a questão do nazismo. Construído sobre o que era a sede da Gestapo, é completíssimo, muito bem organizado e impecável no projeto. Não tem nada vivo, nada verde. Só pedra, como no "jardim" da foto, formas secas, paredes brancas, chão cinza, encarnando o espírito de um funeral, mas sem ser explícito. Vale muito a pena ir.



6) O muro: fez 20 anos no ano passado que ele veio abaixo. Pouquíssimo tempo. Os painéis no Check Point Charlie são muito bons e contam toda a história, com fotos, inclusive. Uma aula de história a céu aberto.

7) E vários, vários outros detalhes e imagens que não vou esquecer, tipo a frase: you are entering the non-profit sector (você está entrando num setor sem fins lucrativos), que estampa uma das divisas dos antigos leste e oeste. Da época, que existia no mundo uma sociedade sem fins lucrativos. E isso foi só há 20 anos.

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